quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Sobre urgências





Se tem uma coisa que invejo nos homens (além do fato deles poderem fazer xixi em pé) é o fato deles não sofrerem da "Síndrome da contagem regressiva para procriar". A natureza foi muito injusta com as mulheres ao dota-las com pouco tempo para a procriação. E nessa contagem regressiva acabamos criando expectativas no relacionamento que não existem para satisfazer essa "vontade" de seguir o ciclo natural da vida.
Vivemos com urgência de ser feliz, fomos criadas com a urgência de não só ser feliz, mas também ser feliz para sempre. E isto é um movimento psicológico natural para a sociedade e a maioria das mulheres. E como ficar de fora disso?
Nessa urgência fazemos planos, criamos expectativas de um dia o clichê (casa-carro-marido e amor da vida-filho-cachorro) vire realidade. Culpa da urgência uterina, da pressão da sociedade ou da nossa cabeça que apesar de ser feminista e entender que a nossa felicidade só depende de nós mesmas, mas que seria muito mais feliz vivendo o clichê e provando que somos independentes apesar de.?
As expectativas, sonhos e a vida clichê são aspirações minhas e que para serem concretizadas precisam do outro, no meu caso, do homem e amor da minha vida, daquele que tento não incomodar com a minha carência e que jogo embaixo do tapete as ausências. Eu sonho secretamente.
Acontece que nem sempre o ritmo e/ou desejos de duas pessoas em um relacionamento são os mesmos. Pessoas diferentes criam expectativas diferentes.
O estranho nisso tudo, e o que me faz crer que essa urgência uterina e essa contagem regressiva (inconscientemente)  mudam e mexem com a gente, é que esses nunca foram meus planos e hoje, prestes a completar 30 anos, essas questões tem surgido tão forte. O que mudou? Eu mudei ou tenho sofrido dessa "Síndrome"? 
A viagem estava tão bonita, tão confortável. Acontece que nesse barco existem duas pessoas com vontades diferentes, talvez sejam diferentes só por um tempo de tempestade ( de sentimentos e urgências uterinas). E o que fazer? Pular do barco enquanto ainda resta tempo, nessa  louca contagem regressiva, e nadar sem rumo e sem amor ou aproveita a viagem? 

sábado, 18 de janeiro de 2014